domingo, 1 de dezembro de 2013

0 Presença ‘alarmante’ de radioatividade encontrada em estudo sobre efluentes de fracking na Pensilvânia

Pesquisadores encontraram altos níveis de radioatividade, sais e metais em água e sedimentos localizados a jusante de uma estação de tratamento que processa efluente líquido de fracking de plantas de produção de óleo e gás na formação de xisto Marcellus, na Pensilvânia.


Uma equipe da Universidade Duke analisou amostras de água e sedimentos da Planta de Tratamento de Efluentes Josephine, Condado de Indiana, Pensilvânia, e encontrou níveis de rádio 200 vezes maiores do que o encontrado em amostras a montante da estação, níveis esses muito acima do permitido pela Clean Water Act (principal lei federal dos EUA que rege a poluição das águas, 1972).

O rádio é um metal radioativo que pode causar doenças como leucemia e outras morbidades quando há exposição a grandes quantidades ao longo do tempo.

A estação de tratamento processa a água do flowback (refluxo) – um efluente líquido altamente salino e radioativo que volta à superfície, vindo do subterrâneo depois de ter sido injetado nas rochas no processo de fraturação, ou fraturação hidráulica.

O fracking é a extração de óleo e gás por injeção de água para quebrar as formações rochosas em grandes profundidades do solo. O uso do processo aumentou rapidamente nos EUA nos últimos anos, embora os cientistas que têm estudado esta prática alertem sobre os danos ao clima pelas suas emissões de metano e seus efeitos radioativos.

O estudo foi publicado quarta-feira na revista Environmental Science and Technology. Foram dois anos de testes sobre fluxo de efluente líquido ao longo do córrego Blacklick a partir de plantas de produção de óleo e gás na formação de xisto Marcellus na Pensilvânia.

Durante dois anos a equipe da Duke monitorou o sedimento e a água do córrego a montante e a jusante da estação de tratamento, assim como o efluente lançado diretamente da estação, analisando vários contaminantes e os níveis de radioatividade. Na água de descarga do efluente e a jusante, os pesquisadores também encontraram altos níveis de cloreto, sulfato e brometo, que podem interagir com cloro e ozônio – usados para desinfetar a água do rio para abastecimento – e criar um subproduto tóxico.

“O tratamento remove uma porção substancial da radioatividade, mas não remove a maior parte dos sais, inclusive o brometo,” disse o coautor do estudo, Avner Vengosh, professor na Universidade Duke de geoquímica, acrescentando que as estações tradicionais como a Brine não são planejadas para remover esses contaminantes.

Embora a estação de tratamento remova parte do radio dos efluentes do fracking, altos níveis de metal ainda se acumulam no sedimento.

"A ocorrência de radio é alarmante – trata-se de um elemento radioativo com probabilidade de aumentar as taxas de mutação genética” e pode ser “um perigo radioativo significativo à saúde humana, “ disse William Schlesinger, pesquisador e presidente do Cary Institute of Ecosystem Studies, que não trabalhou no estudo.

Os pesquisadores acreditam que os contaminantes têm origem nas áreas de fracking, pois a estação de tratamento trata os efluentes de óleo e gás que têm as mesmas características químicas das tochas da formação de xisto Marcellus.

Parte dos efluentes do fracking é enviada pelas empresas de óleo e gás para plantas de tratamento como a Brine para serem processados e lançados em cursos de água. Porém, a maior parte dos efluentes é reusada em mais fraturação, disse Lisa Kasianowitz, especialista em informação do Departamento de Proteção Ambiental da Pensilvânia, para a ClimateCentral.org.

Kasianowitz disse que a estação de tratamento está tratando "efluentes de óleo e gás convencionais de acordo com todas as leis e regulamentos aplicáveis.”

Vengosh disse que a pesquisa indica que uma contaminação similar pode estar acontecendo em torno de outras localidades de fracking ao longo da formação de xisto de Marcellus, na Pensilvânia, Ohio e Nova York.
 

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